Capa do Correio da Paraíba destaca a importância da bicicleta em JP

A edição do último domingo (26) do jornal Correio da Paraíba estampou em sua capa uma verdadeira e significativa manchete: “Bicicleta pode tirar JP do caos”. A matéria escrita por Celina Modesto apresentou pontos importantes da mobilidade por bicicleta em João Pessoa e destacou o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Cidade Bike, sobretudo no que diz respeito às contagens de ciclistas.

No mesmo texto, o diretor de planejamento da Semob-JP, Adalberto Araújo, reconhece o problema da falta de conexões da nossa malha cicloviária e aponta um prazo mínimo de 18 meses para termos melhorias nesse sentido, se referindo ao prazo para a conclusão do Plano de Mobilidade Urbana – que ainda está no processo de licitação da proposta técnica.

Adalberto destacou também etapas importantes do plano, como a pesquisa, e garantiu que o projeto será desenvolvido com a participação da população, incluindo discussão com a sociedade civil organizada. Precisamos continuar acompanhando e fiscalizando para garantir a real participação no processo, já que a sociedade civil organizada participar das tomadas de decisão da gestão não é algo tão presente no histórico de João Pessoa.

Fato é que a inexistência de um plano de mobilidade não impossibilita inúmeras outras intervenções que podem ser feitas. Prova disso é a ciclovia da Av. Beira Rio, reivindicada há pelo menos 5 anos e que só agora está saindo do papel. Sem contar as intervenções que poderiam ter sido evitadas, como a destruição de mais de 200 metros de ciclovia na Av. Hilton Souto Maior ou a remoção de outros 500 metros de ciclofaixa em Mangabeira, que trouxeram prejuízo direto a centenas de ciclistas.

CONTRARIEDADES

bike corrida

A mesma edição que traz a brilhante manchete também teve a infelicidade de publicar uma coluna da autoria de Valério Costa Bronzeado, intitulada de “Caos urbano”. No texto, inúmeros clichês do cotidiano urbano que priorizam o transporte individual motorizado acabam sendo defendidos. Em síntese, Valério Bronzeado afirma que o erro está na incapacidade das cidades continuarem investido em infraestrutura para os automóveis.

Talvez a pior parte da publicação tenha sido ao dizer que a administração “poderia multiplicar os viadutos de forma célere e eficaz, demonstrando eficiência administrativa e economia para os pagadores de impostos que são seus eleitores”.

Acontece que os gastos mais representativos em mobilidade já estão diretamente alocados na criação desse tipo de infraestrutura. Além de caríssimos, investimentos assim beneficiam apenas a minoria da população: em João Pessoa, menos de 25% da população se locomove de carro. A minoria restante – pedestres, ciclistas e usuários de transporte público – continuam contando com uma fatia insignificante dos investimentos em mobilidade.

João Pessoa urge por mudanças nesse sentido. Há diretrizes mundo afora alertando sobre a importância das cidades passarem a adotar políticas públicas que privilegiem os meios ativos de deslocamento e, ao mesmo tempo, promovam o desincentivo ao uso do transporte individual motorizado, que já se trata de um modelo amplamente – e comprovadamente – insustentável de mobilidade. Do ponto de vista legal, destacamos a Lei Federal 12.587/2012, que define a Política Nacional de Mobilidade Urbana e determina que o uso do automóvel pare de ser estimulado.

Correio da Paraíba destaca a importância da bicicleta

Destacamos outro trecho: “Para evitar a infernização das cidades e enfrentar o caos da falta de fluidez no trânsito de veículos, as prefeituras deveriam estar sempre construindo pontes, viadutos ou, então, buscar outros meios de mobilidade, para que o carro não seja a opção da maioria”. Garantimos ao escritor que, definitivamente, deveríamos ficar com a segunda alternativa.

Uma coisa ele acertou: o caos urbano está totalmente relacionado ao crescimento do número de automóveis nas ruas. Isso se dá pelo constante incentivo que sempre foi dado a esse modo de transporte nas cidades, colocando-o como principal personagem da mobilidade urbana. Para reverter o “caos urbano” precisamos, necessariamente, reverter a lógica de continuar investindo no automóvel e privilegiando-o. Nesse sentido, ampliar a infraestrutura representa um incentivo real ao uso do automóvel e traz prejuízos significativos à toda cidade.

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